Inteligência Artificial e o Mercado Jurídico

Ultimamente o tema está bastante presente em todas as discussões sobre o futuro do mercado jurídico, envolvendo grandes e pequenos escritórios e a própria forma como a profissão de advocacia serão afetados por essa nova (não tão nova assim) tecnologia.

Esse tema tem sido estudado há pelo menos 25 anos, mas tornou-se conhecido do grande público quando em 2011 o sistema de computação cognitiva da IBM, o “Watson” venceu os dois campeões do famoso programa de entretenimento da televisão americana chamado “Jeopardy!”que é apresentado pela CBS desde 1964.

Ao longo desses 25 anos, várias frentes paralelas de desenvolvedores foram se especializando em reconhecimento de imagens e faces, entendimento e processamento da linguagem natural humana, robótica, aprendizado computacional (“machine learning”), lógica não estruturada (linguagem) e redes neurais de computação que todas juntas formam a Inteligência artificial.
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De lá para cá, o tema tem sido introduzido em todas as discussões e palestras de futurólogos e colocado de maneira muito enfática como um caminho inexorável para a substituição dos seres humanos pelas maquinas, quase chegando à visão sinistra do filme e Matrix.

Trazendo a discussão para o plano da realidade e simplificando bastante o tema, o que é chamado genericamente de Inteligência artificial são, na verdade, algoritmos matemáticos (bastante sofisticados diga-se de passagem) desenvolvidos para tarefas muito específicas, associados à capacidade exponencial crescente de computação e que têm a capacidade de se auto ajustar em função dos resultados obtidos.

É verdade que tudo isso já está impactando e irá impactar mais ainda todas as profissões como as conhecemos atualmente, mas tal impacto se torna mais evidente na advocacia pois esta esteve relativamente protegida no tempo por conta exatamente da dificuldade de se processar computacionalmente a linguagem e informações desestruturadas, até agora!

Na área jurídica já existem várias frentes de desenvolvimento utilizando a inteligência artificial (ou partes dela) tais como: Automação de conhecimento; Pesquisa legal; Previsão ou prognóstico; análise de contratos; e-Discovery e/ou motores de busca inteligentes. Todas esses sistemas e essa tecnologia não foram criados para substituir o ser humano e sim para ajudá-lo a ser mais eficiente e devem ser adotados por todos aqueles (escritórios e seu gestores) atentos à evolução do mercado e da profissão.

Existem pelo menos 35 empresas no mercado americano com produtos prontos para os trabalhos citados acima e também, pelo menos uma dezena de grandes escritórios internacionais abraçando essa tecnologia e tornando-se mais eficientes.

Num mercado em efetiva ebulição por conta de aumento da concorrência (interna e externa), pressão por preços, segmentação, perda consistente de faturamento (pelo menos no mercado americano), a adoção de tecnologias como a “AI” não é uma opção, é sobrevivência!

José Paulo Graciotti, é consultor e sócio da GRACIOTTI Assessoria Empresarial, engenheiro formado pela Escola Politécnica com especialização Financeira e especialização em Gestão do Conhecimento pela FGV. Membro da ILTA– International Legal Technology Association e da ALA – Association of Legal Administrators. Há mais de 27 anos implanta e gerencia escritórios de advocacia – www.graciotti.com.br

 

Tendência é profissional que veja além de sua área

Velocidade da informação, novos ramos de atividade e tecnologia movimentam profissão

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CRIS OLIVETTE     28 Agosto 2016

Entrevista: José Paulo Graciotti, sócio da Graciotti Assessoria Empresarial

 

                          Memfoto-estadaobro da
International Legal Technology
Association diz em quais áreas
os profissionais
devem se capacitar:
É recomendado conhecimento
de marketing institucional

Graciotti: ‘A tecnologia é uma aliada para evoluir’

 

Quais desafios atingem esses profissionais?
O crescimento exponencial das informações no meio digital, tais como: decisões judiciais, peças processuais, contratos, opiniões e e-mails dificultam a busca, identificação correta e análise das informações relevantes para as necessidades de um advogado. Por outro lado, a capacidade de análise das informações, a síntese das ideias e argumentos e a elaboração dos documentos jurídicos ainda dependem de pessoas e de suas limitações humanas.
A tecnologia não é uma aliada?
Sim. O profissional encontrou na tecnologia uma aliada para enfrentar essa pressão e evoluir. Hoje, a advocacia é uma das profissões que mais necessita e depende da tecnologia para a prestação de serviços eficientes. Ela é encarada pelo advogado como um meio e não como um fim, e deve ser utilizada como ferramenta poderosíssima para melhor a eficiência do trabalho.

De que forma?
Deve saber extrair o máximo da tecnologia para encontrar agilmente as informações necessárias à produção de documento jurídico, contando com ajuda de robôs de busca ou softwares de inteligência cognitiva. Também deve saber gerenciar corretamente seu conhecimento estratégico organizando-o e indexando-o para utilização futura. Além de analisar estatisticamente jurisprudências e decisões anteriores de tribunais e magistrados.

Esse aprendizado faz parte da graduação?
Não. Apesar da tecnologia ser apenas uma ferramenta, todas essas atividades têm de ser concebidas e geridas por advogados por meio de softwares e sistemas inteligentes. Essa utilização exige uma formação muito mais eclética e tecnológica do que a puramente técnica que os estudantes de direito estão recebendo nas universidades.

Então, eles devem buscar formação complementar?
Cada vez mais. Ao longo da carreira, além da própria atualização especifica no direito, os advogados serão compelidos a se tornarem profissionais com conhecimentos mais abrangentes, principalmente no que se refere à tecnologia e ao mundo digital. Isso é necessário para que não corram o risco de se tornarem profissionais jurássicos.

Quais são as outras áreas que eles devem conhecer?
O advogado mais completo é mais competitivo e preparado para os desafios. É recomendável que tenham conhecimentos mais aprofundados em matérias associadas às relações humanas e conhecimentos de marketing institucional e pessoal para incrementar sua participação no mercado, tais como: gerenciamento de pessoas, gestão de empresas e marketing.

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