Marketing Jurídico : Escritórios precisam se ATUALIZAR
Já escrevi em outras ocasiões (vejam em https://br.linkedin.com/in/josepaulograciotti) sobre a resistência que alguns líderes de escritórios têm em reconhecer a verdadeira identidade econômica de seus negócios e que as, antigamente chamadas “bancas” são na verdade empresas de prestação de serviços jurídicos.
Na minha humilde opinião, também é antiga a consideração tradicional que a atividade da advocacia não é mercantilista, correndo um risco enorme de ser criticado pelos estudiosos legais da matéria porém, sob o ponto de vista estritamente pragmático, então pergunto:
Como se classificaria a atividade de uma “entidade” (usando como exemplo um escritório corporativo pequeno/médio) que tem cerca de 50 pessoas trabalhando, incluído staff), tem uma carteira de clientes na casa de dois a três dígitos e que fatura valores que chegam aos seis/sete dígitos anualmente?
A resposta (repetindo: na minha “humble opinion”): É empresa sim e maior que a grande maioria das pequenas e médias empresas brasileiras!
Além do exposto acima, estou me arriscando a escrever sobre esse assunto pois estas reflexões estão sendo elaboradas a quatro mãos, com a participação da Priscilla Adaime, profissional especializada em comunicação e marketing jurídico.
Pois bem. Colocadas as considerações iniciais, vamos ao tema, propriamente dito!
Por conta de minha participação atual mais intensa nas redes sociais, constatei na prática o que eu já sentia por conta de minha experiência nessas instituições, ou seja, a maioria dos “posts” nas redes (pequeno o número de participantes no mundo digital) ainda segue o modelo tradicional de aparecer na mídia, apresentando um certo padrão e com uma ou várias das características listadas abaixo:
– Apresentação ao mercado, com foto “padrão”, de novo sócio recém contratado.
– Foto institucional característica com os principais sócios postados de maneira imponente e em algumas vezes com os decanos sentados ao centro e os mais jovens ao redor.
– Artigos com discussões jurídicas profundas sobre alterações de leis, decretos, etc., publicados em jornais e em portais jurídicos.
– Newsletters enviadas para clientes/mailing list sobre novidades jurídicas.
– Fotos de eventos internos sobre, novamente, discussões jurídicas de determinado assunto.
– Comunicados referentes a datas comemorativas (dia do advogado, da secretária, etc.).
– Participação como palestrantes ou patrocinadores de eventos externos para clientes e perspectivas.
– Logos de prêmios e reconhecimentos recebidos.
– Produção de “folders” impressos com fotos de suas instalações gastando fortunas com impressões que vão para o lixo.
Esse conteúdo digital, além de difícil de ser digerido por conta da linguagem hermética, é replicado aleatoriamente na Internet (site e redes sociais) ignorando as características e peculiaridades apresentadas pelas ferramentas online disponíveis para a divulgação das atividades dos escritórios. Poucos se preocupam em criar estratégias de ação para cada uma das redes e em mensurar os resultados obtidos.
No mundo atual onde prevalece a eficácia, o pragmatismo, a rapidez e do padrão de comunicação esférica (onde todos estão conectados), esse tipo de exposição é praticamente inócuo sem atingir o público alvo que é o empresariado!
Os escritórios precisam se atualizar e se aproximar de seu público alvo, usar linguagem direta e objetiva e utilizar as novas ferramentas coerentes com a real situação de empresa prestadora de serviços jurídicos:
– Adotar uma postura de valorização da instituição de suas características e suas realizações.
– Lembrar sempre que o alvo é o cliente e não a concorrência !
– Deixar de lado o culto à personalidade e à individualidade.
– Usar ferramentas atuais, ou seja, todas as redes sociais e todos os meios digitais possíveis. Enquanto no Brasil os escritórios estão engatinhando na produção de conteúdo, nos EUA a maioria dos escritórios possuí blogs onde os advogados publicam semanalmente artigos sobre novidades em suas áreas de atuação. Eles investem tempo para criar conteúdo relevante, pois sabem que isso é fundamental para a captação de novos clientes.
Os escritórios locais estão começando agora a realizar a produção de vídeos e podcasts para seu público alvo enquanto lá fora os advogados usam outros meios, tais como : Periscope (aplicativo usado para fazer transmissões ao vivo via Wi-Fi e 3G e compartilhar experiências com os seus seguidores); Livestream (para divulgar participações em eventos ao vivo). Estes são apenas alguns exemplos para ilustrar a defasagem vivenciada pelos escritórios brasileiros que são pouco inovadores e desconhecem novas possibilidades para auxiliá-los na divulgação de suas atividades.
A ajuda de consultoria externa, experiente e isenta das interações e relacionamentos internos pode ajudar e muito na gestão da imagem, na politica de valorizaçao de suas realizações e na exposição na mídia especializada e empresarial (principalmente em tempos desafiadores como a atual).
José Paulo Graciotti, é consultor e sócio da GRACIOTTI Assessoria Empresarial, engenheiro formado pela Escola Politécnica com especialização Financeira pela FGV e especialização em Gestão do Conhecimento pela FGV. Membro da ILTA– International Legal Technology Association. Há mais de 27 anos implanta e gerencia escritórios de advocacia – www.graciotti.com.br
Priscilla Adaime é sócia da MARKLE Comunicação e Marketing Jurídico, jornalista formada pela FIAM/FAAM, com pós graduação em Comunicação, Web e Marketing pela Cásper Líbero e especialização em Jornalismo pela NYU. Há mais de 5 anos prestando consultoria para escritórios de advocacia de diferentes perfis.-www.markle.com.br.