COMPROMETIMENTO OU ENVOLVIMENTO?

Às vezes usamos de maneira sinônima as duas palavras para indicar um dos “KPI´s” subjetivos mais utilizados para avaliar a dedicação de um colaborador à empresa ou a uma atividade, mas seus significados são diferentes sobre o ponto de vista semântico e brutalmente diferentes do ponto de vista de avaliação profissional.

O “ HUAISS” nos mostra as seguintes diferenças nos verbetes:

COMPROMETIMENTO : substantivo masculino – ação ou fato de comprometer(-se)
COMPROMETER:verbo pronominal – obrigar-se por compromisso

ENVOLVIMENTO: substantivo masculino – ato ou efeito de envolver(-se); envoltura
ENVOLVER: verbo transitivo direto, bitransitivo e pronominal – fazer tomar ou tomar parte em; implicar(-se)

É obvio que todas as empresas querem, gostam e precisam de profissionais comprometidos em suas equipes para serem mais produtivas, eficientes e competitivas, principalmente em épocas de crise como a que estamos passando neste momento. Só o fato de estarem contratados ou fazerem parte de uma equipe já os torna envolvidos e isso não é o suficiente.Vemos nitidamente que comprometimento é um atributo muito mais “forte”, pois envolve subliminarmente um aspecto moral e ético no processo da participação de uma pessoa em uma atividade.

misto-quente

Profissionalmente e de maneira lúdica considero a melhor imagem que podemos atribuir à diferenciação entre os dois termos é a avaliação da participação dos dois principais elementos que compõem o tradicional sanduiche “misto quente”. Nele, a vaca se envolveu no processo de sua elaboração, fornecendo o leite (que depois virou queijo) e o porco se comprometeu com o processo dando a vida para fornecer o presunto!

Além do aspecto de uso sinônimo dos atributos acima, existem outros fatores que mediocrizaram ao longo do tempo a importância na sua utilização:

– O termo comprometimento, por conta da sua superexposição ou seja, de sua citação intensa em quase todos os modelos de avalição profissional, tornou-se desgastado e perdeu a força que lhe é intrínseca.

– A falta de definição (profissional) clara de quais comportamentos caracterizam corretamente o comprometimento de uma pessoa dentro de uma organização.

– Além disso, por se tratar de um atributo de avaliação subjetiva, está intimamente ligado à geração a que o avaliador pertence.

Exemplos: um avaliador pertencente à geração “babyboomer” pode considerar (por que foi avaliado assim) como comprometimento a dedicação do profissional à empresas ao longo dos anos, ou seja, quanto tempo de sua vida ele dedicou à empresa, a sua pontualidade,  a sua assiduidade, etc. Um avaliador pertencente à geração “X” olha muito mais para a “garra” com que o profissional encara seu desafio e qual a sua eficácia de sua dedicação. Já um avaliador da geração “Y” pode desprezar os aspectos de assiduidade e pontualidade (pois cresceu num mundo conectado e virtualizado) na sua avaliação.

Não estou querendo dizer com esses argumentos que o atributo não deva mais ser utilizado nas avaliações subjetivas de profissionais e sim que deva ser utilizado corretamente!

Primeiro e mais importante, na minha opinião, o atributo comprometimento não deve ser utilizado como um avaliador individual e sim como um intensificador de todos os outros atributos subjetivos de avaliação, já que qualquer atividade pode ser realizada com maior ou menor comprometimento.

Segundo, deve-se definir claramente quais serão as características ou comportamentos que serão considerados como indicadores de comprometimento para que os avaliadores fiquem alinhados e os avaliados fiquem sabendo.

José Paulo Graciotti, é consultor e sócio da GRACIOTTI Assessoria Empresarial, engenheiro formado pela Escola Politécnica com especialização Financeira pela FGV e especialização em Gestão do Conhecimento pela FGV. Membro da ILTA– International Legal Technology Association e da ALA – Association of Legal Adminitrators. Há mais de 27 anos implanta e gerencia escritórios de advocacia – www.graciotti.com.br

 

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